Com seis amistosos este ano, Dunga tem o desafio de reerguer a Seleção
Com currículo recheado como jogador e técnico do Brasil, Dunga tem uma missão dupla: recuperar o prestígio da Seleção e sua própria popularidade pessoal.
Por GloboEsporte.com
Rio de Janeiro
Foto: Janela - CopyHardNews Reprodução
Dunga vai ter alguns desafios nesta sua segunda passagem pela seleção brasileira como treinador. Depois de comandar a equipe de 2006 a 2010, ele retorna para sentar no banco do selecionado brasileiro com a missão de resgatar o orgulho ferido pelas duas últimas atuações desastrosas no Brasil na Copa do Mundo que jogou em casa. O repórter Tino Marcos que acompanhou a trajetória do gaúcho desde que ele chegou ao Vasco como um volante raçudo em 1987 conta nesta reportagem quais serão as dificuldades que Carlos Caetano Bledorn Verri vai enfrentar (clique no vídeo e confira a reportagem de Tino Marcos)
Criado nas divisões de base do Internacional, Dunga passou por Corinthians e Santos antes de aportar no Vasco em 1987, já trazendo a experiência de uma medalha de prata olímpica (ao lado de Gilmar Rinaldi em 1984). A disposição e o afinco nos treinamentos já permitiam antever que o jovem Dunga iria evoluir tecnicamente como jogador.
Deixou o Vasco para jogar na Itália já como jogador de seleção brasileira. Estreara contra a Inglaterra no empate de 1 a 1 em Wembley em 1987. No futebol italiano passou por Pisa, Fiorentina e Pescara. Já era então figura constante nas convocações do Brasil. Jogou a Copa de 1990 e naufragou junto com a seleção de Lazaroni. Ficou estigmatizado, porém, como se fosse o símbolo do futebol insosso daquele Brasil. Uma injustiça que Dunga aparentemente nunca mais se esqueceu. Mesmo mostrando um futebol mais refinado, em que além de desarmar e jogar com raça, também era capaz de passes longos preciso, ele ainda era muito criticado. Nada disso impediu que virasse o capitão da seleção brasileira e levantasse a taça do Mundial 1994, além de ter ficado em segundo lugar em 1998.
Dunga levanta a taça em 1994 (Foto: agência Getty Images)
Tempos depois voltou a Seleção, agora como técnico. Escreveu como treinador quatro anos de uma história intensa em que enxergou fantasmas em perguntas incômodas, sentiu-se perseguido, fechou a seleção, evitou ao máximo o convívio dos jogadores com jornalistas, até dentro dos aviões, em viagens do time. Quando havia diálogo, era tenso. Dunga já disse que pretende melhorar sua relação com a imprensa, mas sem perder a essência, o jeito Dunga de reagir.
De volta à equipe ele já tem agenda longa com seis amistosos em vista . A primeira lista do treinador vai ser anunciada daqui a menos de um mês. A seleção volta a jogar em Miami, no dia 5 de setembro, contra a Colômbia. Quatro dias depois, enfrenta o Equador, também nos Estados Unidos. Ainda este ano, enfrenta Argentina e Turquia e mais dois adversários ainda não confirmados.
Dunga está sem sua segunda passagem como técnico do Brasil (Foto: Agência Reuters)
As perguntas então se sobrepõem. Dunga convocará Neymar? A quem desprezou na Copa de 201? E o lateral Marcelo? Com quem teve um problema mal resolvido após uma lesão no joelho do defensor do Real Madrid.
O histórico esportivo do capitão do tetra é grande. Ele é o primeiro brasileiro campeão da Copa América como jogador e treinador. Como selecionador, possui uma passagem com expressivos 76% de aproveitamento. Mas com o filme ainda queimado em pesquisas e enquetes, Dunga não conquista pela simpatia. Tudo o que ele conseguiu no futebol foi com resultados em campo. No momento, não há espaço para o torcedor avaliar carismas e empatias. O futebol brasileiro viveu recentemente o dia mais obscuro de sua história e precisa se reerguer. Missão dupla para Carlos Caetano: recuperar a Seleção e a própria popularidade pessoal.